quarta-feira, fevereiro 01, 2006

A minha namorada é insuflável e cheira a plástico


Eu andava sozinhito
Pelas ruas da amargura
Não era bonito
E tinha vida era dura
Passei numa loja
De artigos pessoais
E a vi muito roja (eu sei que é roxa mas depois não rimava)
Entre mil coisas banais
Gastei uma porção de euros
E a levei para casa...
Passei-me dos neuros
A noite inteira lhe arrastei a asa
Ela tem dois olhinhos
Que nunca andam sozinhos
Trazem no meio o nariz
E tem um sorriso feliz
Ela nada dizia
Estava muito calada
Mas eu já só vivia
Para a boneca amada
Mas depois olhei-a bem
E encontrei as instruções
Tirei-a da caixa também
E dei uso aos pulmões...
Passei a noite a soprar
Soprei até estoirar
E quando acabei
Já não me aguentei
Adormeci no meu sofá
Com ela no lado de lá
Quando acordei depois
Ela estava vazia, pois
Já não mais assoprei
Desisti da bonequita
Muita lágrima chorei
Até ficar outra vez catita
Desmanchei-a todinha
E fiz toalhas prá cozinha
Cortinados para a casa de banho
Que ela tinha muito tamanho

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