sexta-feira, fevereiro 03, 2006
O inventor de palavras (IV)
- Então, Joaquim... tás bom?
- Vou-me movendo, percorrendo e tu, Manel?
- Também me vou movendo, percorrendo...
- E correr? Fazia-te bem...
- Eu sei mas movendo-me, percorrendo custa-me menos.
- Olha Manel, tenho escutado que o António anda com questões que se propõem para ser resolvidas no trabalho...
- Não tenho ouvido.
- Não tens ouvido?!... Tens tens... até tens dois, caneco. Como toda a gente.
- Não é desse ouvido que falo... Mas ouvido do verbo ouvir..
- Verbo ouvir?! Manel Manel... que andas para aí a inventar...? E o que quer dizer?
- Quer dizer escutar... ouvir e escutar é a mesma coisa.
- Se é a mesma coisa para quê duas palavras diferentes?
- Ó Joaquim... ontem cheguei a casa muito cheio do vício da embriaguez e a minha mulher começou a repreender em alta voz a mim... que já tinha passado o tempo próprio, conveniente ou ajustado e eu estava com os copos e só me perguntava: Estás a escutar-me? Estás a escutar-me? Só que com o estado de embriaguez, borracheira eu não conseguia dizer tou ta escutar... só saía tou tacutar tou jecutar... Assim, inventei o verbo ouvir que quer dizer a mesma coisa e que se faz ou se consegue sem custo dizer quando estamos bêbados... tou ta ouvir... tou ta ouvir...
- Ahhh...
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